quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Que importa?

Eu era a desdenhosa, a indiferente,

Nunca sentira em mim o coração

Bater em violência de paixão,

Como bate no peito à outra gente.

Agora, olhas-me tu altivamente,

Sem sombra de desejo ou de emoção,

Enquanto as asas loiras da ilusão

Abrem dentro de mim ao sol nascente.


Minh'alma, a pedra, transformou-se em fonte
;

Como nascida em carinhoso monte,

Toda ela é riso e é frescura e graça!

Nela refresca a boca um só instante...


Que importa?... Se o cansado viandante

Bebe em todas as fontes... quando passa?...


Florbela Espanca

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